Entidade promotora realizou mais de 500 eventos nos últimos 15 anos, com atrações que vão de Nelson Freire a Maria Bethânia
Quem acompanha a Revista ou o Site CONCERTO conhece as excelentes temporadas realizadas em Sorocaba pela entidade promotora MdA International. Em 2022, contudo, a programação deixará de ser realizada. “Após muitos anos, os patrocinadores declinaram o interesse em apoiar as temporadas culturais. Este é um direito deles, sabemos, mesmo em se tratando de um dinheiro ligado a leis de incentivo e, portanto, público. Se trata de uma decisão de cada empresa, se reverter seus impostos para a cultura ou não, é assim que funciona a lei de incentivo”, escreveu o diretor da entidade, Marco de Almeida, em sua página do Facebook.
Para se ter uma ideia do prejuízo, nos últimos 15 anos a MdA realizou mais de 50 projetos culturais – todos gratuitos –, que somaram mais de 500 apresentações. Na área dos clássicos, Sorocaba recebeu concertos com artistas do quilate de Arnaldo Cohen, Caio Pagano, Ricardo Castro, o alemão Andreas Frolich, o italiano Francesco Cipolletta, ou dos jovens Cristian Budu e Ronaldo Rolim. A cidade também assistiu a apresentações do Trio de Viena, do Quinteto da Orquestra Sinfônica de Viena, do Quarteto Camargo Guarnieri, de solistas da Osesp, do Quaternaglia e de diversas pocket-óperas, concertos e recitais de canto lírico.
“Meu empenho vem sendo, há anos, tentar descentralizar as ações da cidade de São Paulo [...] e Sorocaba era um exemplo disso”, afirma Marco. E segue: “Eu segui defendendo as nossas temporadas justamente para que se criasse a tradição, a estabilidade cultural, uma identificação através do mecanismo de desenvolvimento cultural numa cidade que – a exemplo de todas as outras do interior – quase sempre teve uma inércia ou incapacidade neste setor. Sem falar na capacidade de gerar trabalho e economia com tudo o que envolve uma temporada cultural”.
Marco de Almeida também destaca que nos tempos atuais o trabalho tornou-se ainda mais difícil, pela falta de uma política pública que estimule o setor: “Temos de lidar perversamente com gente que pouco entende – e frequenta – a cultura, e geralmente são as pessoas que têm o poder de decisão sobre os patrocínios e as ‘políticas’”. Além da necessidade de uma política pública, o gestor chama a atenção para a falta de espaços adequados e bem equipados e de uma visão econômica e social da cultura.

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