Retrospectiva 2021: Rodrigo Toffolo, diretor e regente da Orquestra Ouro Preto
Os últimos tempos nos colocaram frente a frente com nós mesmos e, indissociáveis, estão as nossas escolhas. Como uma continuação meio sem graça do ano anterior, tipo volume dois de um filme ruim, ficamos nós, nossas instituições e o papel delas na sociedade. E aí vem um sabor especial, que nenhuma pizzaria possui – meio Buchner, meio Freud: somos um abismo, dá vertigem olhar para dentro.
Sou de uma cidade que sempre possuiu museus. Na verdade, é um museu a céu aberto. Mas o fato de ser uma cidade viva, onde suas ruas são divididas diariamente entre estudantes, turistas e moradores, a antiga Vila Rica soube conviver com os aspectos de ser, também, uma cidade moderna. E faz isso de maneira maravilhosa! Nos últimos anos vi como suas atrações foram modernizadas, são interessantes, informativas, educativas, misturam na dose certa o acesso à cultura com o entretenimento, o que os torna uma experiência única e deixa a aquela vontade boa de “quero mais”.
Não só em Ouro Preto, mas em diversas cidades assim, são, hoje, os museus. Na beira de nosso abismo, os últimos anos nos mostraram a importância de ampliar e modernizar o conceito de orquestra. Não estamos mais presos em nossas salas ou teatros, e os desafios da modernidade estão sentados na primeira fila.
Em minha retrospectiva pessoal, essas questões se tornam um elo fundamental para um modelo de um novo pensamento: coração no passado, percepção no presente e olhos no futuro. Este é o tripé que compõe a Orquestra Ouro Preto – seu grupo principal, sua Academia Jovem e seu Núcleo de Apoio as Bandas, presente em cinco estados de nossa federação.
Nos adaptamos ao formato virtual de concertos e de aulas. Além de música, tivemos que aprender a fazer televisão e manter nosso público sempre ligado em todas nossas atividades. Sem programas, mas com programação! Gravamos Mozart e Haydn, estreamos Mehmari e iniciamos a produção de uma ópera inédita em português. Aos poucos retornamos aos teatros e pudemos sentir a vibração dos aplausos de uma plateia que, assim, como nós, é incansável.
Os desafios estão por aí e temos que enfrentá-los com o espírito jovem e a alma cheia de excelência e versatilidade.
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