Roberto Minczuk: o Brasil em situação favorável

por Redação CONCERTO 19/01/2022

Retrospectiva 2021: Roberto Minczuk, maestro titular da Orquestra Sinfônica Municipal e diretor musical da New Mexico Philharmonic (EUA).

Graças a Deus 2021 foi um ano muito abençoado, apesar da pandemia. Já havíamos recomeçado as atividades no final de 2020 e em janeiro de 2021 tivemos atividades no Theatro Municipal de São Paulo, fazendo transmissões do palco, mas sem público. Depois tivemos de interromper novamente o trabalho por conta das restrições sanitárias, e voltamos apenas em junho com as atividades presenciais – com a boa notícia de poder ter a casa ocupada pelo público em 30% de sua capacidade. 

A partir daí fizemos muitos programas sinfônicos, a OSM realizou um ciclo com as quatro sinfonias de Schumann no primeiro semestre. Depois pudemos realizar uma primeira ópera encenada no Theatro, Maria de Buenos Aires. Ainda sem poder utilizar o fosso, fizemos tudo no palco, mas foi uma grande produção, celebrando o centenário de Piazzolla com sua única ópera – um dos títulos operísticos mais importantes da América Latina no século XX. Essa produção foi inédita no sentido de que a história de Maria de Buenos Aires, que é a de uma prostituta no início do século XX, é uma história que pode representar a de tantas mulheres profissionais do sexo. Então a gente contou com a presença de prostitutas, com figurinos da Daspu, e pudemos chamar a atenção também para uma realidade da cidade. 

Fizemos uma versão semi-encenada de A voz humana, de Poulenc, com direção de André Heller-Lopes, e depois a primeira grande produção de ópera no Brasil desde o início da pandemia: The Rakes progress, de Stravinsky, com dois elencos, a orquestra já podendo utilizar o fosso; foi uma vitória poder fazer uma ópera dessa dimensão. 

Finalizamos o ano com duas programações distintas: Amahl e os visitantes da noite, de Menotti, em forma de concerto, e a estreia no Municipal do Vespro della Beata Vergine de Monteverdi, com nove solistas, instrumentos de época; obra fantástica e raríssimamente feita. 

A minha orquestra nos EUA retomou as atividades no dia 4 de julho, com um grande concerto ao ar livre, e a temporada recomeçou em outubro, todos muito felizes também com o retorno dos concertos. Estive cinco vezes lá em 2021, regendo pelo menos sete programas diferentes, o que me deixa feliz e grato. 

Também tive a oportunidade de reger a Filarmônica de Minas Gerais, grande orquestra em uma grande sala. 

Saldo positivo, aos poucos estamos voltando à normalidade, o Brasil está numa situação favorável comparado a outros países. 2022 promete ser melhor ainda.

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Roberto Minczuk

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