Nelson Rubens Kunze: Música viva e jornalismo profissional

Retrospectiva 2021: Nelson Rubens Kunze, diretor-editor da Revista CONCERTO

Graças à ciência e à vacinação em massa, o coronavírus começou ser debelado e finalmente a agenda de óperas, concertos e recitais pôde ser lentamente retomada. A pandemia, contudo, não está superada e novas variantes do vírus inspiram cautela. 

Se essa crise teve algo de positivo, foi o grande investimento nas transmissões de concertos e óperas on-line, em streaming ou em gravações. São centenas de ótimas apresentações – aqui e no mundo – que estão disponíveis gratuitamente. Os números são hiperbólicos – centenas de milhares de visualizações! – e não se sabe ao certo o que significam. Mas fato é que as mídias on-line proporcionam uma grande oportunidade para a difusão da arte clássica por todas as regiões e camadas sociais. E isso é uma ótima notícia!

Creio que outro ensinamento que esses tempos trazem, é o de que as artes – e a música clássica em especial – fazem parte da vida de todos e assim devem dialogar e se comunicar com as comunidades em que estão inseridas. Se já antes da pandemia o assunto era amplamente debatido, ele ganhou uma nova dimensão. Assim, a grande maioria dos teatros, orquestras e promotores desdobrou-se em inventar novas ações – algumas vezes extrapolando a sua própria vocação cultural –, que pudessem aliviar a situação de artistas e de seu entorno. Também é uma ótima notícia! Ópera e música clássica são manifestações culturais vivas, que refletem nosso tempo, nossos desafios e nossa alma. 

Ainda que do ponto de vista sanitário se vislumbre um 2022 mais “normal” – pelo menos é assim que as entidades promotoras têm planejado as suas temporadas –, as perspectivas para o mundo cultural brasileiro são nebulosas: a Secretaria Especial de Cultura do governo federal, em seus repetidos ataques à cultura, emperra deliberadamente o financiamento por meio dos mecanismos da Lei Rouanet, o que, se de fato se cumprir, vai levar a um sério estrangulamento do setor. Como sabemos, a música clássica e a ópera, aqui e no mundo inteiro, são um serviço que não pode prescindir do apoio e da subvenção públicos. 

Termino com agradecimentos, inicialmente a vocês, nossos leitores, pela confiança e fidelidade. Quero agradecer também à equipe e aos colaboradores da Revista CONCERTO – posso me orgulhar de contar com alguns dos melhores jornalistas e especialistas de nosso país! E quero agradecer aos nossos parceiros – teatros, orquestras e promotores – e aos nossos anunciantes. Além de reconhecer a importância de nosso trabalho como principal difusor da atividade clássica no país, nossos anunciantes também compreendem o papel da Revista CONCERTO como um importante elo articulador de todo ecossistema cultural clássico. Entre outros, quero destacar o Instituto Baccarelli, o Projeto Sinos, a Sala Cecília Meireles e o Selo Sesc, que mantêm contratos de mídia anuais, mas também os Theatros Municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro, a Fundação Clóvis Salgado/Palácio das Artes, a Filarmônica de Minas Gerais, a Cultura Artística, o Festival Amazonas de Ópera, o Festival de Ópera do Theatro da Paz, o Itaú Cultural, a Santa Marcelina Cultura/Theatro São Pedro, a Ospa, a Opes, a Orquestra Ouro Preto, a Naxos e a Warner Classics. Muito obrigado pela confiança! O projeto “Revista e Site CONCERTO 2021” também foi contemplado pelo edital ProAC Expresso LAB 60/2020 e conta com o apoio do Ministério do Turismo, Secretaria Especial de Cultura e Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.

Temos em compromisso com a atividade da música clássica no Brasil e estamos empenhados em aprimorar constantemente os nossos serviços. Vamos lotar as salas de concerto! Acreditamos no jornalismo profissional – democrático, plural e independente –, que impulsiona a educação e a formação cultural.

Desejo um Ótimo 2022, com muita saúde e música!

Clique aqui para ler outros depoimentos já publicados.
Clique aqui para ler a matéria sobre a Retrospectiva 2021 publicada na Revista CONCERTO.