Mere Oliveira: convertendo palavras em ações

Retrospectiva 2021: Mere Oliveira, mezzo-soprano, professora de canto e coordenadora do Sistema de Corais do Município de Taubaté.

Fazer do mundo um lugar melhor é tarefa hercúlea em qualquer tempo, e em 2021 não foi diferente. Parece mesmo que a pandemia nos trouxe em 2020 um desejo imenso de discutir, reconstruir e recriar; e em 2021, quando falamos do racismo, da representatividade e do protagonismo do povo preto, vimos várias iniciativas que parecem querer combatê-lo com veemência. Tivemos tantas discussões, mesas e webinares de letramento racial e, no entanto, comparadas à proporcionalidade da população negra, da demanda de profissionais à participação efetiva nas produções, temos pouco de efetivo. A ação afirmativa é pequena e repetitiva, e ainda rotula o artista negro somente para esse ou aquele papel. 

Algumas boas iniciativas de produções no final de 2021 buscaram privilegiar o elenco negro, e é muito positivo ver importantes teatros escolhendo elencos quase totalmente negros pela primeira vez em um século (sem que seja Porgy and Bess), e abrindo novas perspectivas para 2022, além de produções independentes, como a que será a do coletivo Ubuntu Brasileiro, das promessas de teatros e produtores em incluírem em suas programações um número maior de artistas negros, procurando equiparar os números à proporcionalidade da população brasileira, entre brancos, pardos e negros. Estamos no mesmo mar, mas alguns vão em iates, e outros vão a nado. 

Tudo isso é uma esperança de crescimento das oportunidades para 2022. Somente convertendo palavras em ações afirmativas é que veremos florescer Vida para todos na arte à qual nos dedicamos e pela qual somos apaixonados! Que essa paixão nos faça tornar o mundo ao nosso redor um lugar melhor para se pensar, fazer e apreciar a arte, um lugar melhor para a vida; que sejamos maiores, porque todos nós podemos ser melhores! Ubuntu! 

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