Retrospectiva 2022: Flávia Furtado, diretora executiva do Festival Amazonas de Ópera
Em 2022, marcamos a volta do Festival Amazonas de Ópera (FAO) ao formato presencial. Não poderíamos ter mais alegrias, após dois anos sem óperas no palco do Teatro Amazonas, ao voltar com uma montagem de Peter Grimes e estrear o FAO com uma produção de Il tabarro do Festival de Ópera do Theatro da Paz, sendo a primeira grande ação do Corredor Lírico do Norte, convênio assinado em março de 2022, em Belém, pelos secretários de Cultura do Pará e do Amazonas.
Não apenas o público estava com saudades – tivemos casa lotada e ingressos esgotados durante todo o festival – mas ver a alegria de todos os artistas e técnicos voltando ao teatro foi emocionante. Aliás, o FAO tem uma novidade: estamos em um grande momento de reestruturação. Iniciamos neste ano cursos profissionalizantes na nossa Central Técnica, fora do período do festival, seguindo o compromisso de que a Cultura pode e deve ser um fator de mudança de vida para a população amazonense. Também lançamos o Fundo do Festival Amazonas de Ópera em parceria com a Levisky Legado, um projeto ambicioso para a sustentabilidade do FAO a longo prazo.
A reativação da Casa da Ópera de Ouro Preto foi outra grande emoção deste ano, é emblemático que possamos reativar através da ópera o teatro mais antigo do Brasil (e, dizem, até das Américas, de 1770). Com parcerias certeiras com o Palácio das Artes, a APPA - Arte e Cultura, o Coletivo das Artes e a Orquestra de Ouro Preto, mostramos que a música pode ser unida e o que precisamos fazer é espalhar ópera e música pelo país, num ambiente de colaboração entre iniciativas e instituições.
Falando em espalhar ópera pelo país, tivemos também uma parceria com o Ubuntu Brasileiro, através da mezzo-soprano Mere Oliveira e do maestro Cesar Pimenta, da Orquestra Jovem de Taubaté. Um projeto necessário do movimento negro dentro do Fórum Brasileiro de Ópera, Dança e Música de Concerto: um Gianni Schicchi no Teatro Metrópole de Taubaté, outra vez um sucesso de público.
No âmbito de formação e difusão de conteúdos e saberes, participei de dois projetos importantes, o “Programa Gestores”, da Sala Cecília Meirelles, e o “Talks”, do Theatro São Pedro, duas iniciativas que mostram que realmente estamos numa outra fase no mercado clássico no Brasil. As instituições se conhecem, trocam, colaboram entre si. Isso é fruto de maturidade e traz avanços visíveis para todo o setor.
Que 2023 nos traga novos horizontes e que possamos cada vez mais dialogar, colaborar e crescer juntos.
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