Retrospectiva 2021: Arthur Nestrovski, diretor artístico da Osesp
2020 foi o ano que não acabou. A pandemia definiu, em larga medida, as atividades de todas as instituições culturais. No caso da Osesp, a temporada de concertos 2021 começou, ineditamente, em janeiro. Além de um ciclo Haydn, logo lançamos, no Selo Digital, as sinfonias 1 a 8 de Beethoven, com orquestra reduzida, sob regência do diretor musical Thierry Fischer. Ele estaria à frente da Osesp também na trilogia de balés de Stravinsky, ao final de um primeiro semestre que só foi interrompido em março, quando as condições de saúde pública assim exigiram.
Assegurar a continuidade do trabalho – tanto da Orquestra como do Coro, do Quarteto e de outros grupos de câmera, mais a Academia – foi um dos princípios mais importantes, neste período de tamanha imprevisibilidade. Preservar nosso corpo de artistas e colaboradores, também, com empenho excepcional de conselheiros, patrocinadores e apoiadores.
Graças aos protocolos e às vacinas, no segundo semestre a situação já era outra. Voltamos a contar com os músicos convidados de fora do país – regentes como Giancarlo Guerrero, Josep Pons, Xian Zhang e Marc Albrecht, entre outros, sem falar em Marin Alsop (regente de honra) e Thierry, assim como Karabtchevsky, Neil Thomson, Baldini, Polistchuk; e solistas como Isabelle Faust, Antonio Meneses e Gabriela Montero. E a Sala São Paulo foi recebendo plateias cada vez maiores. Entre muitos momentos marcantes, destaco três: a estreia mundial do Concerto para trombone de Chick Corea, com o solista Joe Alessi; o programa “Floresta Villa-Lobos”– 65 minutos contínuos, numa trama de obras de Villa e outros compositores, tendo a preservação da natureza como horizonte de fundo, programa que levaremos ao Carnegie Hall em 2022 –, regido por Marin para uma plateia de já quase mil pessoas, em novembro; e a última semana da Temporada, com a estreia de uma obra de Paulo Costa Lima, sob regência de Thierry Fischer, e a Osesp voltando ao Rio de Janeiro, depois de tanto tempo.
Tivemos um ciclo Piazzolla 100. Gravamos Mignone (com Fábio Zanon) e Villa-Lobos (com Meneses e Karabtchevsky). O 51º Festival de Inverno de Campos do Jordão aconteceu com sucesso, em modelo híbrido, presencial e digital (43 concertos).
Do início da pandemia até aqui, atingimos cerca de 25 milhões de pessoas nos canais digitais. A Sala está agora equipada com câmeras de operação remota e um estúdio, para manter os concertos digitais toda semana. Enfim: a despeito de tudo, muita atividade, mantendo o espírito que sempre nos guiou.
Abrimos 2022 com o primeiro Festival de Verão de Campos do Jordão. Nossa Temporada, “Vasto Mundo”, celebra, acima de tudo, o Modernismo, como expressão do melhor da nossa cultura: aberta para o mundo e ciente de nossas próprias demandas. Aprendemos muito com a pandemia. Que ainda não acabou.
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