Ópera sobre a vida de Aleijadinho estreia ao ar livre em Ouro Preto

por Redação CONCERTO 29/04/2022

A cidade de Ouro Preto abriga hoje a estreia da ópera Aleijadinho, de Ernani Aguiar, com libreto de André Cardoso. Produção da Fundação Clóvis Salgado, o espetáculo será encenado ao ar livre e, em meados de maio, chegará ao palco do Palácio das Artes de Belo Horizonte para quatro récitas a partir do dia 14.

“Aleijadinho foi um grande personagem de ópera”, explicou Ernani Aguiar em entrevista à Revista CONCERTO de maio. E, nisso, é secundado por Cardoso. 

“Tudo o que ele viveu do ponto de vista pessoal faz dele um grande personagem a ser explorado. O drama de sua vida nos pareceu bastante operístico por isso. A doença que o debilitou gradativamente, a relação com o filho que o abandona. O abandono é tema central na história, e o libreto o explora bastante”, diz o libretista.

Sem abrir mão da liberdade poética, Cardoso buscou ser o mais fiel possível à história de Aleijadinho e seu tempo. 
“Antes de escrever, iniciei uma longa investigação, desde a primeira biografia, escrita em 1850, baseada em uma entrevista com a nora de Aleijadinho, até a bibliografia mais atualizada. Queria que os fatos históricos por trás da trama fossem reais”, explica.

“E procurei utilizar referências concretas. Há uma ária de Tomas Antônio Gonzaga em que o texto é construído a partir de suas Cartas chilenas. No terceiro ato, quando Aleijadinho delira associando os inconfidentes à figura dos doze profetas [mais famosas esculturas do escultor, expostas em Congonhas do Campo, Minas Gerais], uso textos de Alvarenga Peixoto e do próprio Gonzaga”, completa.

Responsável pela encenação, a diretora Julianna Santos fala sobre a importância de refletir sobre os legados da história de Aleijadinho.

“Chegando a Ouro Preto para ensaios, eu me peguei pensando que não sou eu que conto a história da cidade, mas a cidade que conta a história de Aleijadinho para nós. Há nas ruas uma presença, uma vivência que nós absorvemos. E tratar da história de Aleijadinho nos permite refletir sobre diversos temas, como a questão racial. Ouro Preto foi construída com sangue escravo, e há nisso uma série de legados a ser considerados. Da mesma forma que o trabalho de Aleijadinho, sua relação com a arte, é muito forte.”

No espetáculo, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e o Coro Lírico de Minas Gerais serão regidos pelo maestro Silvio Viegas. No elenco, estão o barítono Johnny França, o tenor Mar Oliveira, o barítono Licio Bruno e a soprano Luanda Siqueira, entre outros.

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Cena de 'Aleijadinho', de Ernani Aguiar [Divulgação/Paulo Lacerda]
Cena de 'Aleijadinho', de Ernani Aguiar [Divulgação/Paulo Lacerda]

 

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