Morreu na manhã de ontem, dia 26, aos 89 anos, a soprano Marina Monarcha, figura central da música no Pará, mestra de várias gerações de cantores líricos e uma das responsáveis pela criação da Escola de Música da Universidade Federal do Pará.
Monarcha estava em São Paulo e fazia tratamento para um câncer de pulmão. Segundo sua filha, a soprano Carmen Monarcha, ela seguiu próxima da música até o fim da vida. “Era incrível que mesmo em estado debilitado ela encontrasse disposição para se envolver com arte e com música”, disse em entrevista ao jornal O Liberal.
Marina Monarcha formou-se em canto e piano no Conservatório Carlos Gomes, em Belém, instituição da qual se manteve próxima ao longo de toda a vida – em 2017, a Fundação Carlos Gomes criou um concurso de canto em sua homenagem.
Em sua atividade acadêmica, a artista realizou mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, estudando as exigências técnicas da música contemporânea para os cantores. Nos anos 1970, em Belém, foi uma das idealizadoras da Escola de Música da Universidade Federal do Pará, onde posteriormente deu aulas.
Em nota de pesar, a universidade afirmou que “seu legado permanecerá uma inspiração valiosa para todas as pessoas que se dedicam ao canto”. “A UFPA solidariza-se com os familiares e amigos e manifesta a sua gratidão por toda a sua contribuição.”
Uma das principais alunas de Marina Monarcha, a soprano paraense radicada em Berlim Adriane Queiroz relembrou a mestra em um post em suas redes sociais.
“Marina Monarcha fez com que eu me apaixonasse pelo canto lírico, um mundo totalmente distinto do que já havia visto”, escreveu. A soprano lembrou ainda a realização, nos anos 1980 e 1990, das Noites do Canto Lírico, onde o fazer musical e o amor ao canto lírico se mantinham apesar das dificuldades. “Eram um troféu de ideologia, sonho e certeza de que a música é um caminho eterno.”
Em entrevista ao Liberal, Daniel Araújo, diretor do Theatro da Paz, também lembrou as aulas que teve com Monarcha. “A Marina sabia quando um aluno não estava bem pela voz e ali ela dava conselhos, era amorosa e cuidava. Sou muito grato de ter começado a vida na arte pelas mãos dela.”
Conforme publicado no jornal Diário do Pará, o secretário de estado da Cultura Bruno Chagas declarou que “Monarcha seguirá imortalizada e gigante, pois sua voz, sua contribuição à cultura seguem latentes, por meio de sua discografia e no seu trabalho, principalmente como professora de canto, que inspira e ajudou a formar diversas gerações de cantores líricos”. Já a professora e pianista Glória Caputo, presidente da Fundação Carlos Gomes, afirmou que “é uma grande perda. Vai deixar muitas saudades entre a legião de alunos e de amigos que conquistou. Eu a acompanhei cantando várias vezes, era encantadora, uma grande artista, uma grande professora e uma voz muito bonita. Lamento, mas tenho certeza que hoje ela está cantando com os anjos”.
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![A soprano e professora Marina Monarcha [Divulgação]](/sites/default/files/inline-images/w-marina_monarcha.jpg)
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Comentários
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Se Belém do Pará ainda é uma…
Se Belém do Pará ainda é uma referência internacional em canto lírico, foi por conta do trabalho de muitas mãos, cabeças e vozes orientadas pela saudosa mestra Marina Monarcha. Que ela descanse em paz #RIP. Paz e conforto à Carminha e família.